Observo os transeuntes em seus passos acelerados, de um lado para o outro, ansiosos e sempre com um objetivo a ser cumprido. Mesmo que ele seja apenas sobreviver. Sim, S O B R E V I V E R!
Temos a péssima mania de julgar. Achamos sempre que quem sofre, sente dor ou está triste e desolado está com isso estampado na face e no corpo. Mas, não. Não se enganem. Entre nós, seguindo de um lado para o outro, aparentemente apenas ansiosos, existem milhares de pessoas sofrendo muito em seu íntimo. Padecendo de todas as formas de dores: físicas, emocionais, espirituais. Leves, pesadas, supostamente bobas, para nós e nossa eterna arrogância humana, severas, daquelas que flagelam intensamente, mas nem sempre são expostas, enfim, entre nós ou , quem sabe, cada um de nós, sofre seja lá pelo que for e isso tem que ser respeitado. Dado a mínima importância. Cuidado, em especial no uso da empatia.
Quem de nós, do mais fraco ao mais forte, não gosta de receber carinho? Saber que existe alguém que realmente se importa. Que você não é apenas mais um multidão que vai e vem sem função. Que sua dor, mesmo não sendo aquela que está no estagio final, doi, machuca, flagela e que isso deve ser respeitado, e é.
Acredito que somos, muitas vezes, egoístas extremos. Até quando supomos que não. Nos importamos quando é conveniente. Quando não exige tanto. Quando a dor do outro não cansa nossos ombros. Aí é fácil se importar. Por que o difícil é se colocar no lugar dele, seja esse qual for, e perguntar como eu gostaria que me tratassem se estivesse nessa situação? Quem sabe assim, agíssimos com mais compaixão.
Há muitos transeuntes no mundo. Nós, também, somos um deles. Há muito sofrimento encoberto em um olhar distante, em um passo acelerado, em uma constante "reclamação", em uma face sisuda e apática. Se ficar assim resolve algo? Não. Claro que não. Mas quem somos nós para delimitar o sofrer do outro, se em muitos momentos, mesmo com todo conhecimento e busca, não conseguimos nem fazer isso com os nossos sofrimentos.
Por isso, que possamos ter mais empatia pelo outro. Que busquemos compreender que cada um está em uma etapa evolutiva e, assim sendo, cada um tem uma forma, uma bagagem e uma força para lidar com seus temores. Se não podemos, e nem devemos, tirar a dor de ninguém, pelo menos que contribuamos para amenizá-las.
A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. E nós podemos ajudar nessa opção.
Angel Marques
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