O Exercício do Amor Próprio

O Exercício do Amor Próprio

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

E foi bom enquanto durou....



Hoje me peguei pensando em como a vida é engraçada e, em especial, como a vida sentimental é mais ainda. Navegando por entre esse universo virtual, vendo fotos e declarações de amor “eternas”, e vendo que na vida real, essas mesmas declarações já não existem mais, que ficaram perdidas nas poeiras do esquecimento, nas lembranças de quem um dia as viveu - no coração - às vezes triste e amargurado pela separação, pela deslealdade do outro, pelas juras de amor que não foram cumpridas, por tudo aquilo que foi planejado, juntos, mas que por algum motivo tiveram que ser reestruturados, sós ou com outros novos amores, enfim, diante disso tudo, me pergunto: Será, que tudo isso valeu realmente a pena?!

Muitas pessoas têm a mania de dizer quando se termina uma relação que ela não deu certo, que foi um tempo perdido, que de certa forma, nadamos e morremos na praia, mas por que não deu?! Deu certo sim, o tempo que teve que dar. Foi bom enquanto durou, foi especial, tiveram momentos esplendorosos, sensações únicas e jamais substituídas. Valeu super a pena, independente de não ter se concretizado o velho ditado encantado “ E foram felizes para sempre...”.

O que muitas vezes acontece, é que ao findar uma relação o outro não tem a mesma dignidade e cumplicidade que teve para iniciá-la. Por isso, muitas delas se desfazem e se perdem no tempo, é até meio paradoxal. Sempre me indago sobre isso: Poxa!! como se pode viver anos, meses, dias tão intensos com alguém, partilhando sonhos, intimidade, carinho, respeito, amor, desejos, planos, amigos, família, e muitas outras coisas em comum, e ao terminar tudo isso, passar uma borracha e “fingir” que nunca existiu ou que o outro, não vale a pena para continuar em sua história, mesmo que não mais como aquele ou aquela que um dia foi “dono (a)” do seu coração?!

Claro que existem sim, relações que se desgastam tanto, que quando chega ao final, tudo aquilo que um dia foi lindo e especial, dá lugar a tristezas, rancores, abandono e desunião total. Mas acredito que se ficamos com alguém, por livre e espontânea vontade, se amamos, se conhecemos erros e defeitos, se construímos sonhos juntos, se temos a consciência plena que, por mais que não aceitemos certas verdades, elas existem e estão sempre à mostra, tudo se torna mais simples de resolver. E uma dessas verdades, é a de que ninguém faz a gente o que nós não permitimos que faça. E como bem disse Jung, que "o amor é permissão", também acho que o sofrimento vá pelo mesmo caminho, que nós permitimos certas coisas que nos machucam na relação, mas quando estamos feridos e magoados, preferimos optar pelo papel de vítima do outro, do mundo e até de nós mesmos, ao invés de buscarmos formas de amadurecermos com tudo que acontece em nossa vida, principalmente, na parte sentimental e íntima.

Ninguém quer ouvir que sofreu por que permitiu isso, mas com certeza, se alguém percebe que a relação não está mais como um dia foi, e até quando alguns sinais são dados, mas mesmo assim, paga-se para ver, insiste até a última conseqüência, e no final, se fere ainda mais, tudo isso não seria uma escolha?! Claro que sim, por mais que não queiramos aceitar. Por isso, sempre falo que ninguém é vítima ou algoz, apenas responsável por suas escolhas, portanto, acredito que se agíssemos mais assim, talvez, não imediatamente, mas no decorrer do tempo, não precisaríamos acumular ex relações que não valeram a pena, mas sim, ex relações que valeram, ensinaram, amadureceram mas não deu certo, foi preciso seguirmos sem o outro. Contudo, tendo ele sempre como alguém que participou como coadjuvante de nossa história, não como o vilão, mas como o mocinho ou a mocinha, que viveu, amou, tentou, mas que infelizmente ou felizmente, não temos como precisar, ficou o tempo necessário e que ao invés de “ser feliz para sempre” foi apenas “feliz enquanto durou”.


Angel Marques

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