
Por que deixamos a magia e a inocência da infância abandonada depois que nos tornamos adultos? Quem foi que disse que não é possível acreditar nos sonhos e viver levemente, mesmo não mais estando no colo dos nossos pais, ou nas loucas aventuras de crianças, no mundo mágico e ideal que criávamos e vivenciávamos, acreditando que éramos invencíveis e tudo sempre daria certo no final?
Quem seqüestrou nossas crenças e inocência? Quem seqüestrou a infância interior que traz a leveza do ser e a pureza da mente, a sutileza da alma e o frescor dos dias sempre mágicos e cheios de surpresas?
Um dos maiores crimes da humanidade é assassinar a infância interior, é transformar os dias simples em complexos com tantas obrigações e responsabilidades excessivas. A cada dia que passa, os sonhos estão sendo guardados em caixas bem fechadas e jogados nas gavetas da memória, a inocência de outrora, hoje se traduz na desconfiança eterna de tudo e todos.
Como diz a música dos engenheiros do Hawaii “ um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão...” e que papai Noel não existia, que o mundo mágico e encantado só existia nas histórias da Carochinha, e que ser feliz era para conto de fadas. Mas eu me recusei acreditar nisso tudo e resolvi jamais adormecer a minha infância dentro de mim, por acreditar que ela me ajudaria muito em tempos difíceis da fase adulta, e não é que estava certa?!
Acredito que manter a infância acordada é salutar e faz com que nos sintamos mais fortalecidos em tempos de crises e adversidades, é como se você pudesse ir lá, naquele lugar encantado e sagrado e se fortalecer toda vez que sente suas forças se esgotarem, se energizar dessa energia propulsora e ilimitada, beber nessa fonte cristalina de ternura, paz, regeneração, e acima de tudo, mergulhar nesse mar de lembranças, sensações e magias que se perpetuam e solidificam nas paredes da memória.
Trazer a criança interior de vez em quando para o mundo adulto, não é ser tola ou pueril, mas é poder ter o privilégio de vivenciar emoções presentes, baseadas em emoções passadas, na certeza de equilibrar e ajustar as emoções futuras.
Se cada criança interior despertada pudesse amenizar as dores da alma que a desperta o mundo com certeza não seria tão frio e distante e as pessoas não perderiam tanto tempo buscando algo fora de si para fazê-las felizes, pois dentro de cada uma sempre teria um belo arco-íris a ser descoberto e desbravado, e acima de tudo, apreciado.
Angel Marie